O empresário paulista Joaquim de Oliveira Sousa e Silva é o maior produtor
de azeitonas da cidade.
Dono da Oli Ma, segunda principal distribuidora
de azeites no Brasil, ele investiu cerca de R$ 5 milhões na compra de terras, plantio de mudas e na instalação da fábrica para a produção do óleo. Na Fazenda Retiro, em Maria da Fé, foram plantadas 40 mil oliveiras, sendo que pelo menos 2,5 mil estão no período produtivo. “As primeiras foram compradas da Epamig, mas depois montei uma estufa própria para produzir em escala maior”, diz. A fazenda também fornece mudas para vários estados.
Segundo Silva, a previsão é de que em dois anos cada planta produza de 20 a 30 quilos de azeitonas. Para fabricação de um litro de azeite, são necessários cinco quilos do fruto. “Para que a indústria comece a funcionar, falta apenas instalarmos as máquinas de moer. Também estamos investindo em outras cidades como Delfim Moreira, onde temos 18 mil árvores”, afirmou. Conforme o empresário, o valor do azeite brasileiro que chegará ao mercado vai acompanhar os preços do mercado internacional para o produto.
Os resultados de análises de laboratório feitas em amostras de óleo elaborado experimentalmente com azeitonas colhidas em diferentes variedades em Maria da Fé classificaram o produto final como azeite de oliva virgem ou azeite de oliva virgem extra. Os parâmetros mostram que o produto está de acordo com as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pode ser consumido.
O pesquisador da Epamig Adelson Francisco de Oliveira afirma que a região mais propícia para cultura da oliveira em Minas Gerais é a da Serra da Mantiqueira. “No Brasil, não há plantios comerciais. Tudo que consumimos é importado. Mas as condições de clima e solo do Sul de Minas, algumas regiões serranas de São Paulo e Rio de Janeiro, além de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, poderiam ser usadas para o plantio comercial da oliveira”, afirma.
Azeitonas e azeite de oliva são produtos constantes na mesa do brasileiro, mas a importação tem sido o caminho para abastecer o mercado interno. Somente no ano passado, o país trouxe do exterior US$ 175,7 milhões em azeites, volume 28,8% maior sobre 2006, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Os principais fornecedores foram Portugal (53%) e Espanha (22%). No caso do fruto, as despesas atingiram US$ 3,93 bilhões, sendo 41,3% a mais do que o total de azeitonas importadas no ano anterior. “A produção nacional, além de diminuir os gastos com compras internacionais, possibilita maior arrecadação de impostos diretos, podendo alcançar a cifra de US$ 20 milhões sobre produtos e serviços”, diz o pesquisador da Epamig.
Para os agricultores do Sul de Minas, a principal vantagem econômica é que o grande mercado consumidor nacional pode representar aumento de renda e mais empregos nas cidades da região. Luiz Augusto da Silva e mais seis produtores de oliveiras buscaram em Úmbria, região central da Itália, parcerias para a implantação da tecnologia de fabricação de azeite em Maria da Fé. “Fizemos contato com outros produtores italianos, que vão fornecer mudas de plantas de alto padrão e informações sobre a venda do azeite. Apesar de pagarmos R$ 30 por muda de oliveira, ainda vale a pena o investimento”, afirmou.
Como o cultivo para venda é novo no país, o melhoramento das variedades é considerado fundamental. Segundo o pesquisador da Epamig João Vieira Neto, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais liberou verba de R$ 600 mil para a o programa de desenvolvimento da cultura da oliveira em Maria da Fé. “O apoio contribui para a expansão do plantio, intensificação de pesquisas e implantação de unidade de extração de azeite. Esse processo vai gerar empregos e será ferramenta de trabalho para produzirmos azeite de melhor qualidade”, diz.
Minas é referência nacional
O estudo da Epamig com o cultivo das oliveiras começou em 1986. Atualmente, Minas é centro de referência no país para obtenção de informações sobre a planta originária da Bacia do Mediterrâneo e introduzida no Brasil por imigrantes europeus, por volta de 1820. No Sul do estado, chegou em 1955.
A seleção de variedades mais produtivas é um dos principais resultados obtidos pela pesquisa nos últimos anos. Em Maria da Fé, a ascolana e grapollo, originárias da Itália, tiveram destaque. A primeira tem frutos grandes, mas baixa concentração de azeite, sendo mais recomendada para preparo e consumo como azeitona de mesa. A outra apresenta frutos de tamanho médio, com maior concentração de óleo, usada tanto para consumo em mesa quanto para a indústria.
Outros testes com oliveiras são feitos atualmente em áreas às margens do Rio São Francisco, na cidade de Jaíba e Minas Novas, no Alto Jequitinhonha. No município de Presidente Kubitschek, no Norte do estado, os resultados das pesquisas foram favoráveis. “No primeiro ano, as plantas floresceram com mais rapidez e, no segundo, também frutificaram”, diz o pesquisador da Epamig Adelson Francisco de Oliveira.
Segundo ele, a pesquisa ainda tem que responder muitas questões. “É necessário avaliarmos variedades, espaçamentos de plantios, tratos culturais que podem ser completamente diferentes em cada região e questões sobre o pós-colheita. Para isso, é preciso despertar interesse de instituições de pesquisa de outros estados”, afirma.
Fonte: Estado de Minas (http://www.uai.com.br/em.html), Domingo, 20 de janeiro de 2008
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